sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Fantoches da vida...

...podia arranjar mil desculpas para explicar a razão da dor que alguém sentiu por uma ingénua egocentricidade de não querer magoar ninguém... e, ao mesmo tempo, por não querer magoar, acabou por gerar, no coração mais puro, a dor que sempre renegou em oferecer a alguém... se calhar, a questão nunca foi a de magoar, mas sim o medo que consome este ser de receber algo que vai para além do próprio ser... o medo de perder todo o equilíbrio dos dias agendados e dos minutos contados... o medo de que esse encanto, que um dia cativou alguém, se perca nas sombras de um dia mais cinzento... o medo da consciência real de que este ser, dito perfeito, é dotado das maiores imperfeições características da humanidade e não de um ser idealizado... serão estas razões plausíveis para um não gerador de tal angústia e dor? quando um sim poderia ter sido revelador de uma felicidade sem fim, onde cada momento seria infinito enquanto durasse, onde as páginas dessa agenda da vida seriam rasgadas, onde o encanto permaneceria iluminando a noite que abraça os sonhadores e mascara as imperfeições... mas o medo de sentir é das maiores cobardias... e aí revelamo-nos meros cobardes com medo de viver... cobardes em dizer uma vez na vida para não desistirem de nós e fazerem de tudo para que as cordas que nos amarram a este medo, se soltem como aves em direcção a um céu azul sem nuvens... e, nesse dia, no dia em que deixarmos de ser cobardes e não ter medo de falar sobre os sentimentos, de lutar não só com o olhar mas também através da palavra.. nesse momento, quando a coragem se tornar mais forte que os medos, podemos acreditar que nunca mais seremos fantoches da vida...

3 comentários:

  1. "mas o medo de sentir é das maiores cobardias... e aí revelamo-nos meros cobardes com medo de viver..." está lindo este texto anita :)

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  2. aii as horas das insóniaaas. :) são sempre as minha preferidas. quando tudo fica vazio, quando não se ouve um som, as ideias desenrolam-se, desenvolvo as palavras e aquilo que quero expressar.
    fico bem feliz, por o meu texto te ter inspirado a escrever uma coisa boa assim! :)
    por vezes quando percebemos que nos queremos dar aos outros, esses outros já se cansaram de esperar por nós. talvez sejamos um pouco invejosos mesmo, mas se calhar nem é por mal. talvez seja mesmo a cobardia, o medo do que pode vir depois. tomamos decisões com medo do que pode vir depois, sem pensarmos que podemos ser felizes antes do que vem depois. e depois quando finalmente decidimos tentar dar mais de nós ao outro, pode ser tarde.
    um beijinho*

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  3. temos que viver sempre no momento, mesmo que por vezes nos seja dificil. mas temos que aos poucos ir lutando por mudar as coisas. e enquanto não conseguirmos mudar isso as insónias serão sempre as aliadas da nossa inspiração :) beijinho*

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