...já não tenho palavras... já não as sinto e escrevo-as só por escrever. Em forma de rascunho ou mata borrão. Compreendidas em papel velho reciclado cheio de poeira e recalcado, mantido indesejado num canto qualquer. Antigamente as palavras eram só minhas... antigamente reluziam ao olhar... agora, mero espectro da nuvem que consome a alma e a torna negra e triste, já não são sinónimo... muito menos hipérboles recheadas de eufemismos... simplesmente, mantêm-se por aqui, sem qualquer comparação, navegando neste pleonasmo de ideias. Perdias sobre a gramática da vida... sobre a gramática da vocalização dos sons que acompanham cada elemento... o que eram palavras rigorosas e escolhidas como fonte de água que mata a sede do desabafo... hoje são apenas letras aprendidas em bancos de escola de madeira riscada. E assim se tornam vazias como o mais vil ser sem sentimentos... assim permanecem no infinito inexistente de um horizonte gramatical...
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