A longa viagem por terras desertas de gente e povoadas de verde, almas adornadas em folhas, campos e terra, terminou segundo aquele sinal. Finalizou-se com o som das rodas paradas sobre os carris... com o último fumo negro, oriundo daquela relíquia antiga. O primeiro pé colocado naquela estação há muito conhecida. O cheiro mantinha-se o mesmo... as pessoas apressadas umas a iniciarem a sua viagem.. outras a "fugirem" daquela que tinham acabado de fazer, para iniciar uma nova. Ao longo do passeio, até à porta de saída, viam-se pessoas daqui e dali. Turistas, trabalhadores, gentes da terra, conhecedores, curiosos, historiadores, amantes da arte e da arquitectura. Como a maior das torres de babel, aquele lugar que outrora era detentor de uma só fala, é habitado por sons de todos os recantos do mundo. De vez enquando, enquanto o caminho se faz, um flash ou outro vêm ao encontro dos olhos... um encontrão... um grito de alegria... uma lágrima de despedida... um abraço de saudade, não sei se de partida ou de chegada. O relógio verde, antigo e majestoso, colocado bem lá em cima, indica o horário dos caminhos dos que o olham. minuto a minuto... hora a hora... mais um destino com uma estação final se traduz naquele som, residente numa linha de um número qualquer... Entre chegadas e partidas, caminhos se vão formando... Entre chegadas e partidas linhas se vão cruzando... até a um único destino... registado num pedaço de papel... Ao longe uma porta aberta... nela uma alma de olhar triste, de rugas marcadas pelo tempo, vendendo girassóis... os mesmos que se inclinavam para um brilho quase inexistente saído por entre os prédios... os mesmos que trouxeram o primeiro sol da manhã naquela viagem de ninguém.
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