segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Devaneios XVIII - Quando as folhas caíam...

Ao longe, uma estrada coberta de folhas escondia o caminho. Sozinho, ele dirigia-se passo a passo, solitário nos seus pensamentos. O silêncio que habitava aquela viagem interrompia-se com o festejar de folhas coloridas que caíam com a sua presença. O seu olhar perdido no tempo, brilhava com aquele espectáculo, com aquela magia. A mesma que o reconfortava e permitia voar até ao centro das recordações. Sombras cobriam-lhe a face ao lembrar de cada momento, de cada dor encarnada numa felicidade perdida. Ao sentir o vento personificado em leve brisa, levantou a face e olhou para todas aquelas folhas que caíam como estrelas cadentes, embelezando o dia em vez da noite. E um sorriso surgiu. Simples, calmo e sincero. A sombra que antes o habitava desvaneceu-se com o sabor daquela imagem.
Ela, caminhava sozinha. Aquela estrada já lhe era conhecida. As folhas que caíam sobre ela, faziam-na sorrir, dançando entre elas. Como querubim perdido entre as nuvens, proclamava-se um espírito de alegria e saudade. Contudo, e apesar da beleza daquele caminho, ficava sempre a meio... perdida, sem saber como continuar, sem saber o que estaria no final da estrada. Medo ou incerteza... baixou os olhos e mais uma vez voltou para trás.
No cruzamento da incerteza ela encontrou-o ali, sentado, com o olhar perdido nela, sorrindo. Um sorriso simples, calmo e sincero. No cruzamento da indecisão ele encontrou-a ali, perdida entre as folhas que caíam.
A imagem ficou, o final poderia ter sido vislumbrado por ela... o caminho já não seria solitário para ele.. Hoje, ele viaja sozinho na sua longa caminhada... ela, continua à espera que ele volte atrás para lhe dizer qual a direcção.


(...voltei a olhar para a janela e as folhas continuavam a cair...)

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