terça-feira, 20 de abril de 2010

Gatafunhos de Histórias Inventadas - IV


hold me for a while

...tudo parecia secreto... como um quarto de espelhos, imagens esboçadas em retratos de parede, seguiam os passos daquele ser que percorria tal recanto. um olhar ao espelho... querem saber quem és tu... sim tu.. essa imagem que permanece sempre... que está do outro lado de lá... aquela que sorri em fotografias.. que percorreu aquele momento gravado numa máquina qualquer... numa objectiva perdida. Cada cenário parece retirado de uma película de um sonho imaginado por alguém... o seu texto? ainda ninguém o sabe... as personagens? já o seu destino foi traçado e todas elas escolhidas... estão prontas para o ensaio da vida... cada uma entra a seu tempo, segundo o compasso do autor que escreve e reescreve... que rasga e volta a colar cada vida. as falas? já todas estão decoradas, apesar de nenhuma das personagens saber o texto... e com a fluidez da palavra vão-se soltando ao longo da melodia que se ouve ao fundo. uma a uma, vão-se mostrando ao público magias de uma história inventada... e criam-se cenas de vida e de morte... de sonhos e de nada... de amor e de ódio... e assim é lançado a primeira palavra vinda de um nada narrador, de um orador de palavras inventadas... gestos constrói-em-se... uma mão toca a outra... o encontro de duas almas... o pulsar de uma eternidade vivida e outra por viver... riscos começam a lançar-se num quadro de tons de azul, reluzentes de um brilhar profundo de um dourado vindo da luz do holofote ali ao fundo do palco... passo a passo... a proximidade parece uma realidade distante.... a distância um sonho desvanecido... frente a frente um olhar... um sorriso... um toque mão a mão... de pele com pele... o respirar de outrem... o abraço que se prolonga em monólogos a dois convertidos a silêncio... convertidos em sentimento... convertidos numa imagem gravada... numa imagem lançada. Que fica e para sempre será lembrada... o sonho que adormece... o ser que acorda... a realidade que acontece... o sentimento que transborda... o porquê? o nada... o tudo... que vive em mim... o tremer de ser e de viver... cada recordação aqui guardo... cada felicidade amarro num pobre coração... esperando a cada dia que novas falas sejam criadas, que novos cenários sejam narrados, que novos momentos sejam vividos... que nada seja decorado... que nada seja desenhado... apenas que seja um futuro improvisado...

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