sábado, 20 de fevereiro de 2010

Olhares perdidos...


“Todos nós temos necessidade de ser olhados. Podíamos ser divididos em quatro categorias consoante o tipo de olhar sob o qual desejamos viver: A primeira procura o olhar de um número infinito de olhos anónimos ou, o olhar do público(…) Na segunda categoria, incluem-se aqueles que não podem viver sem o olhar de uma multidão de olhos familiares. São os incansáveis organizadores de jantares e de coktails. São mais felizes que os da primeira categoria porque, quando estes perdem o público, imaginam que as luzes se apagaram para sempre na sala da sua vida. É o que, mais dia menos dia, lhes acontece a todos. Os desta segunda categoria, estes sim, acabam sempre por conseguir arranjar os olhares que precisam. Vem em seguida e terceira categoria, a categoria daqueles que precisam de estar sempre sob o olhar do ser amado. A sua condição é tão perigosa como a das pessoas do primeiro grupo. Se os olhos do ser amado se fecham, a sala fica mergulhada na escuridão. Finalmente, há uma quarta categoria, bem mais rara, que são aqueles que vivem sob os olhares imaginários de seres ausentes. São os sonhadores.” Milan Kundera – “A insustentável leveza do ser”

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