quarta-feira, 23 de junho de 2010

Gatafunhos de Histórias Inventadas - VIII

...às vezes...

...às vezes dói... dói porque sim e porque não... apenas dói. às vezes dá medo... medo porque sim e porque não... apenas dá medo. medo de tudo, transformado numa dor de nada. de viver segundo um sinal que ilumina a estrada e que por vezes falha... de um número... de um sentido perdido por entre a multidão que se foi embora à sua chegada. nem luz do sol ou da lua receberam tal sentido... permaneceu ali desolado do nada e do tudo... do tudo por nada e do nada feito de imperfeito sentido de solidão por entre a multidão... confusão... gestos pequenos que se tornam grandes... de uma mente que se converte ao "eu" mais profundo... uma tristeza que não contempla a felicidade vivida... ninguém sente... ninguém viu... ninguém ouve pronúncio de tal... mantém-se tudo inanimado no recanto aplaudido de seres que o preenchem... e mesmo assim, a solidão de nada e a solidão de tudo... às vezes ficamos tristes e o sorriso pode ser a melhor máscara de reconciliação com a vida... e vive-se assim... com um sorriso com sabor a inexistência total... perdido em imagens sem cor... perdido em sons que se convertem a um vazio... um vazio que ocupa o ar respirável.. um vazio... que se finda no irrespirável...às vezes dói... dói porque sim e porque não... apenas dói. às vezes dá medo... medo porque sim e porque não... apenas dá medo. um medo que se finda no irrespirável...

(às vezes também somos seres humanos,
às vezes também somos imperfeitos,
às vezes também ficamos tristes,
às vezes também escrevemos sem sentido,
às vezes isso sabe muito bem!)

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