"Diz-lhe para sair de trás do fogão. Estou a ver-lhe os pés. Ela que saia da dispensa. Consigo ouvi-la respirar. E tu sai de trás de mim. Estou a sentir o teu medo. Agora que foram todos descobertos, sentem-se aqui à frente para vos contar uma história. Vamos abolir o 'era uma vez' para irmos directos ao assunto. Começa com alguém que não encontra a chave secreta do seu centro espiritual. Procurou no meio do silêncio, mas só ouviu barulho. Mesmo os sons mais baixinhos provocaram irritação e a concentração evaporou-se. No desespero julgou que todos fugiam dele, mas não estava la ninguém. Pensou em suicidar-se, depois serenou e resolveu encontrar a mensagem de outra forma. Talvez fosse subliminar, talvez estivesse bem à vista, mas os olhos não viram o que o coração empedrou. Foi como se a suposta chave estivesse enterrada numa cidade subterrânea. Longe do toque, distante da memória. Como uma cicatriz camuflada. No meio da sua busca, o herói desta história só se esqueceu que não precisava de nenhuma chave para entrar dentro de si. E agora que ja aprenderam a lição parem de procurar no sítio errado. Esta porta nao tem fechadura. Para entrar... basta dar um passo em frente. Vamos?"
(In "As escondidas: Inversus.pt")
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